O RAIO VERDE
Rita Moreira
chama o sol, essa fonte de inesgotável canto
deixa o fluxo da dor circular
canta a luz, a alvorada
canta o enlevo das coisas, a alegria
em sonho, às vezes, se o sonhar quebranta,
uma gota de água é suficiente para o sonhador
possuir todo o mar
e em crepúsculos transparentes
mil acidentes impedem a transparência total
uma nuvem derradeira, a vela de um barco
chegada a hora de mais verdade
e o tempo em que se pode ver claro dentro de nós
e dentro dos outros
escuta a inesperada mudez
o fascínio das possibilidades de cada dia
vislumbra o horizonte
procura o raio verde
é melhor viver a sonhar um ideal
do que perder toda a esperança
PROCEDIMENTO
Cento
NOTA
O raio verde é um fenómeno meteorológico raro, que geralmente ocorre ao nascer ou ao pôr-do-sol, quando uma pequena mancha verde fica visível por um curto período de tempo acima do sol, ou próximo dele. Apenas pode ser visto em condições que poucas vezes se conjugam, por força da sua complexidade. Neste Cento, procura dar o mote para uma certa ideia de epifania, de surpresa.
Se por um lado, as palavras de Al Berto revelam um poder exorcizante e necessário, em Antero de Quental deparamos com versos de tom metafísico, tal como a miragem poética d'O Raio Verde, patente na obra de Júlio Verne e no filme de Éric Rohmer (1986). Aqui, os diálogos parecem chegar a um convite a viver sob o sinal da liberdade e da esperança (até pela associação cromática), e revelam um dos maiores mistérios que até hoje a humanidade não consegue compreender: o amor.
FONTES
Al Berto: O Medo
Antero de Quental: Acordando
Éric Rohmer: O Raio Verde
Júlio Verne: O Raio Verde
Rita Moreira
chama o sol, essa fonte de inesgotável canto
deixa o fluxo da dor circular
canta a luz, a alvorada
canta o enlevo das coisas, a alegria
em sonho, às vezes, se o sonhar quebranta,
uma gota de água é suficiente para o sonhador
possuir todo o mar
e em crepúsculos transparentes
mil acidentes impedem a transparência total
uma nuvem derradeira, a vela de um barco
chegada a hora de mais verdade
e o tempo em que se pode ver claro dentro de nós
e dentro dos outros
escuta a inesperada mudez
o fascínio das possibilidades de cada dia
vislumbra o horizonte
procura o raio verde
é melhor viver a sonhar um ideal
do que perder toda a esperança
PROCEDIMENTO
Cento
NOTA
O raio verde é um fenómeno meteorológico raro, que geralmente ocorre ao nascer ou ao pôr-do-sol, quando uma pequena mancha verde fica visível por um curto período de tempo acima do sol, ou próximo dele. Apenas pode ser visto em condições que poucas vezes se conjugam, por força da sua complexidade. Neste Cento, procura dar o mote para uma certa ideia de epifania, de surpresa.
Se por um lado, as palavras de Al Berto revelam um poder exorcizante e necessário, em Antero de Quental deparamos com versos de tom metafísico, tal como a miragem poética d'O Raio Verde, patente na obra de Júlio Verne e no filme de Éric Rohmer (1986). Aqui, os diálogos parecem chegar a um convite a viver sob o sinal da liberdade e da esperança (até pela associação cromática), e revelam um dos maiores mistérios que até hoje a humanidade não consegue compreender: o amor.
FONTES
Al Berto: O Medo
Antero de Quental: Acordando
Éric Rohmer: O Raio Verde
Júlio Verne: O Raio Verde