FRAGMENTOS DE UM MOSAICO SOBRE O PARTO DOS POEMA
Chalegre Villas Bôas
A desprender-se do Limbo, o poema chega mais perto da vida
e contempla uma parte de nós que não nasceu ainda,
palavras ermas da melodia e da memória.
Se perderam no saque ao poema, mil palavras
ruidosamente dentro de ruínas de papel. Familiar,
a poesia se leva à voz do poeta perpassado de lume.
Os cabelos de Andrômeda no espelho de águas do Nilo,
Pessoa entre a memória e o voo de um pássaro invisível,
Shakespeare e Van Gogh, a hemorragia imortalizada de fósseis em dissipação.
Muito depois do corpo e do mármore, a arte do poema
nascido do cadáver das metáforas em chamas,
os barulhos de dentro do livro dos deuses,
o silêncio das galáxias eternas de papel,
o fruto fértil nascendo na garganta do poeta:
são vertiginosamente iguais a nós – barulho, matéria, sonho.
PROCEDIMENTO
Com este Cento, decidi juntar poemas sobre a produção artística e sobre o fazer poético. Todos os poemas selecionados tratam de alguma maneira a poesia: analisando-a a partir do seu propósito, do seu valor, do seu efeito (no poeta, no leitor, na sociedade) ou da sua importância. Muitos destes poemas, embora não sejam Centos, não existiriam sem a existência doutros poemas nos quais se inspiraram.
Embora tenham pontos de vista diversos, às vezes até conflitantes, estes poemas dissecados e reorganizados na forma de um Cento formam outro poema, “Fragmentos de um Mosaico sobre o Parto dos Poemas”, que trata da sua própria maneira a poesia, pondo-se na mesma prateleira temática dos poemas que o compõem, um “Monstro de Frankenstein” feito de outros “Monstros de Frankenstein, por assim dizer”.
FONTES
“Guardar”, Antônio Cícero
“Aviso aos náufragos”, Paulo Leminski
“Beasts Bounding Through Time”, Charles Bukowski
“Traduzir-se”, Ferreira Gullar
“Meu povo, Meu Poema”, Ferreira Gullar
“A Voz do Poeta”, Ferreira Gullar
“Nasce o Poema”, Ferreira Gullar
“Muitas Vozes”, Ferreira Gullar
“Desastre”, de Ferreira Gullar
“Barulho”, Ferreira Gullar
“Subversiva”, Ferreira Gullar
“Poema Poroso”, Ferreira Gullar
“Procura da Poesia”, Carlos Drummond de Andrade
“Noite de Natal”, Ana Cristina César
“Mancha”, Ana Cristina César
“a gente sempre acha que é”, Ana Cristina César
“O Apanhador de Desperdícios”, Manoel de Barros
“Autopsicografia”, Fernando Pessoa
“Museografia I”, Eucanaã Ferraz
“A beleza é uma ferida que nos atinge”, Eucanaã Ferraz
“Nitidez”, Cristiano Menezes
“Palavras”, Cristiano Menezes
Chalegre Villas Bôas
A desprender-se do Limbo, o poema chega mais perto da vida
e contempla uma parte de nós que não nasceu ainda,
palavras ermas da melodia e da memória.
Se perderam no saque ao poema, mil palavras
ruidosamente dentro de ruínas de papel. Familiar,
a poesia se leva à voz do poeta perpassado de lume.
Os cabelos de Andrômeda no espelho de águas do Nilo,
Pessoa entre a memória e o voo de um pássaro invisível,
Shakespeare e Van Gogh, a hemorragia imortalizada de fósseis em dissipação.
Muito depois do corpo e do mármore, a arte do poema
nascido do cadáver das metáforas em chamas,
os barulhos de dentro do livro dos deuses,
o silêncio das galáxias eternas de papel,
o fruto fértil nascendo na garganta do poeta:
são vertiginosamente iguais a nós – barulho, matéria, sonho.
PROCEDIMENTO
Com este Cento, decidi juntar poemas sobre a produção artística e sobre o fazer poético. Todos os poemas selecionados tratam de alguma maneira a poesia: analisando-a a partir do seu propósito, do seu valor, do seu efeito (no poeta, no leitor, na sociedade) ou da sua importância. Muitos destes poemas, embora não sejam Centos, não existiriam sem a existência doutros poemas nos quais se inspiraram.
Embora tenham pontos de vista diversos, às vezes até conflitantes, estes poemas dissecados e reorganizados na forma de um Cento formam outro poema, “Fragmentos de um Mosaico sobre o Parto dos Poemas”, que trata da sua própria maneira a poesia, pondo-se na mesma prateleira temática dos poemas que o compõem, um “Monstro de Frankenstein” feito de outros “Monstros de Frankenstein, por assim dizer”.
FONTES
“Guardar”, Antônio Cícero
“Aviso aos náufragos”, Paulo Leminski
“Beasts Bounding Through Time”, Charles Bukowski
“Traduzir-se”, Ferreira Gullar
“Meu povo, Meu Poema”, Ferreira Gullar
“A Voz do Poeta”, Ferreira Gullar
“Nasce o Poema”, Ferreira Gullar
“Muitas Vozes”, Ferreira Gullar
“Desastre”, de Ferreira Gullar
“Barulho”, Ferreira Gullar
“Subversiva”, Ferreira Gullar
“Poema Poroso”, Ferreira Gullar
“Procura da Poesia”, Carlos Drummond de Andrade
“Noite de Natal”, Ana Cristina César
“Mancha”, Ana Cristina César
“a gente sempre acha que é”, Ana Cristina César
“O Apanhador de Desperdícios”, Manoel de Barros
“Autopsicografia”, Fernando Pessoa
“Museografia I”, Eucanaã Ferraz
“A beleza é uma ferida que nos atinge”, Eucanaã Ferraz
“Nitidez”, Cristiano Menezes
“Palavras”, Cristiano Menezes