ABECEDÁRIO
Joana Alves
Acho que gosto de livros. Bom, de alguns, pelo menos. Creio que não de muitos, mas daqueles que me acrescentam. Dos que me fazem viver vidas menos amorfas e rotineiras como a que a maioria dos não leitores tem. Este, tenho a certeza, é o grande objetivo dos livros. Fomentar a sobrevida bruta, espremer a polpa e acrescentar ópios de qualidade. Gráfica, fonética, idealizável. Humanos feitos personagens mais (que) perfeitas, ou menos imperfeitas do que no mundo extra-paginatário. Ítalo, por exemplo, fez-me trepar árvores, tendo eu vertigens desde que me lembro. Já para não falar das viagens que fiz, espaço fora, com um piloto menor de idade que fazia amigos em cada canto. Lembro-me que um dia, a minha mãe entrou no meu quarto sem bater, julgando ter-me ouvido a pedir socorro. Muito provavelmente lia sobre a ocupação nazi, em voz alta, como gosto de fazer na maioria das vezes. Nós, os leitores, temos formas diferentes de saborear o que nos entra pelos olhos. Ou pelos ouvidos, que reforçam o prazer. Por isso, tenho pena de quem não sabe que gosta de ler. Que esta partilha possa dar um empurrãozinho. Rezo para que leiam isto, mais não seja, por terem apostado com algum leitor amigo. “Se leres aquele texto da Joana até ao fim, dou-te vinte paus!”. Tentar não custa. Uma vez que seja. Vamos criar oportunidades de leitura e ser criadores de bibliotecas humanas. Xeque-mate! Zés-ninguém pobres, mas letrados.
PROCEDIMENTO
Abecedário
Joana Alves
Acho que gosto de livros. Bom, de alguns, pelo menos. Creio que não de muitos, mas daqueles que me acrescentam. Dos que me fazem viver vidas menos amorfas e rotineiras como a que a maioria dos não leitores tem. Este, tenho a certeza, é o grande objetivo dos livros. Fomentar a sobrevida bruta, espremer a polpa e acrescentar ópios de qualidade. Gráfica, fonética, idealizável. Humanos feitos personagens mais (que) perfeitas, ou menos imperfeitas do que no mundo extra-paginatário. Ítalo, por exemplo, fez-me trepar árvores, tendo eu vertigens desde que me lembro. Já para não falar das viagens que fiz, espaço fora, com um piloto menor de idade que fazia amigos em cada canto. Lembro-me que um dia, a minha mãe entrou no meu quarto sem bater, julgando ter-me ouvido a pedir socorro. Muito provavelmente lia sobre a ocupação nazi, em voz alta, como gosto de fazer na maioria das vezes. Nós, os leitores, temos formas diferentes de saborear o que nos entra pelos olhos. Ou pelos ouvidos, que reforçam o prazer. Por isso, tenho pena de quem não sabe que gosta de ler. Que esta partilha possa dar um empurrãozinho. Rezo para que leiam isto, mais não seja, por terem apostado com algum leitor amigo. “Se leres aquele texto da Joana até ao fim, dou-te vinte paus!”. Tentar não custa. Uma vez que seja. Vamos criar oportunidades de leitura e ser criadores de bibliotecas humanas. Xeque-mate! Zés-ninguém pobres, mas letrados.
PROCEDIMENTO
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