SER UM DURO NA UNIÃO EUROPEIA
Daniel Ferreira
Os tons negros de todo o filme e o foco da personagem, Eddy Bellegueule, romance principal, envolve o espectador num voraz cosmos autobiográfico sobre crescer entre a pobreza e a luta pela sobrevivência num país que nada parece ter. Eddy é filho de uma operária pobre, do povo, o que faz com que muitos o abandonem, e conta a sua infância no norte rural de França em busca de melhores condições de vida nos anos 1990.
Este romance trata a realidade, como disso é exemplo a ex-mulher de Jorge, a qual, de extrema pobreza, de uma forma crua e violenta, ainda ama.
Só quem o viveu o pode contar. A narrativa, este drama, poderia até ser artisticamente agradável. Começa com Eddy, de 10 anos, a ser violentado – digno de se ver se não fosse tão fidedigno à realidade. Porém, descreve-nos o dia-a-dia cinematograficamente. Na família e na comunidade onde a raiva e a violência predominam não haverá nenhum português a ver este filme.
Que não o sinta profundamente como seu ou não, desde muito cedo, Bellegueule sempre se expressou como alguém que tenha passado por circunstâncias diferentes. A começar pela gesticulação e a voz aguda. O filme terá saído da maior parte das salas de cinema. Tudo nele fora inaceitável, a humilhação e a violência física. Uma obra a ver e a rever quando estiver disponível.
Verbais eram as consequências que este rapaz sofria, pois retrata a dureza de um duro por não pertencer aos “duros” – palavra descrita no país que ainda apresenta um nível de vida consideravelmente textual, como aqueles que encarnam os valores masculinos precários. De notar que a taxa de desemprego é em si o próprio conceito de virilidade. Em 2011, era de 13,8%, tendo baixado para 10%. No entanto, Eddy tenta de maneira compulsiva – 9,9% no primeiro semestre de 2017 – tendo, no entanto, de reprimir tudo o que lhe é natural para corresponder a uma das taxas mais altas da União Europeia num sentimento de auto culpabilização.
Daniel Ferreira
Os tons negros de todo o filme e o foco da personagem, Eddy Bellegueule, romance principal, envolve o espectador num voraz cosmos autobiográfico sobre crescer entre a pobreza e a luta pela sobrevivência num país que nada parece ter. Eddy é filho de uma operária pobre, do povo, o que faz com que muitos o abandonem, e conta a sua infância no norte rural de França em busca de melhores condições de vida nos anos 1990.
Este romance trata a realidade, como disso é exemplo a ex-mulher de Jorge, a qual, de extrema pobreza, de uma forma crua e violenta, ainda ama.
Só quem o viveu o pode contar. A narrativa, este drama, poderia até ser artisticamente agradável. Começa com Eddy, de 10 anos, a ser violentado – digno de se ver se não fosse tão fidedigno à realidade. Porém, descreve-nos o dia-a-dia cinematograficamente. Na família e na comunidade onde a raiva e a violência predominam não haverá nenhum português a ver este filme.
Que não o sinta profundamente como seu ou não, desde muito cedo, Bellegueule sempre se expressou como alguém que tenha passado por circunstâncias diferentes. A começar pela gesticulação e a voz aguda. O filme terá saído da maior parte das salas de cinema. Tudo nele fora inaceitável, a humilhação e a violência física. Uma obra a ver e a rever quando estiver disponível.
Verbais eram as consequências que este rapaz sofria, pois retrata a dureza de um duro por não pertencer aos “duros” – palavra descrita no país que ainda apresenta um nível de vida consideravelmente textual, como aqueles que encarnam os valores masculinos precários. De notar que a taxa de desemprego é em si o próprio conceito de virilidade. Em 2011, era de 13,8%, tendo baixado para 10%. No entanto, Eddy tenta de maneira compulsiva – 9,9% no primeiro semestre de 2017 – tendo, no entanto, de reprimir tudo o que lhe é natural para corresponder a uma das taxas mais altas da União Europeia num sentimento de auto culpabilização.