O DIÁLOGO DA IMPERATRIZ DE VIENA
Mário C. Brum
Depreende-se pelo que afirmo que uma maior densidade musical da partitura é uma apresentação ‘evimensa’. A orquestra, a maior das contradições que Strauss utilizou, ao fim do primeiro acto de percussões, gerou um som típico de encolher os ombros metais e o naipe de cordas tornou-se um pouco previsível. Também maciça, apesar de a personagem criar um universo musical de potência extraordinariamente elementar, uma orquestra desta envergadura precisa de solistas à Hofmannsthal nos primeiros cinco minutos, altura que não é para todos o fazer-se quase estáticos no primeiro acto, ouvir cantando atrás da muralha um diálogo que se torna som. Evidentemente, pode dizer-se quase um monólogo. Dez minutos e o problema põe-se também, desta vez nas obras do compositor, monólogo ou diálogo mudo que atinge aqui o ponto mais relevante. A execução do conjunto total da obra de Richard é, não só extremamente difícil, pelas suas mais de três horas, como extremamente cara; para além de poder ser considerada um sopro dramático de primeira categoria, quando o compositor indica tanto para cinco solistas vocais de luxo. E foi a Imperatriz, como Tintureira (ou tudo isso), que para além de um magnífico volume de voz estratosférico, seguiu com a própria sombra a complexidade de décadas musicalmente espectaculares, sobretudo no papel de Viena na cena II do acto I, em que não diminui mas exalta a crença da revogabilidade musical e a magnífica presença das palavras de Nylund e da sua mulher.
Amândio Tasquinhas,
Borda d’Água
PROCEDIMENTO
Cut-Up / Crítica de concerto faux
Mário C. Brum
Depreende-se pelo que afirmo que uma maior densidade musical da partitura é uma apresentação ‘evimensa’. A orquestra, a maior das contradições que Strauss utilizou, ao fim do primeiro acto de percussões, gerou um som típico de encolher os ombros metais e o naipe de cordas tornou-se um pouco previsível. Também maciça, apesar de a personagem criar um universo musical de potência extraordinariamente elementar, uma orquestra desta envergadura precisa de solistas à Hofmannsthal nos primeiros cinco minutos, altura que não é para todos o fazer-se quase estáticos no primeiro acto, ouvir cantando atrás da muralha um diálogo que se torna som. Evidentemente, pode dizer-se quase um monólogo. Dez minutos e o problema põe-se também, desta vez nas obras do compositor, monólogo ou diálogo mudo que atinge aqui o ponto mais relevante. A execução do conjunto total da obra de Richard é, não só extremamente difícil, pelas suas mais de três horas, como extremamente cara; para além de poder ser considerada um sopro dramático de primeira categoria, quando o compositor indica tanto para cinco solistas vocais de luxo. E foi a Imperatriz, como Tintureira (ou tudo isso), que para além de um magnífico volume de voz estratosférico, seguiu com a própria sombra a complexidade de décadas musicalmente espectaculares, sobretudo no papel de Viena na cena II do acto I, em que não diminui mas exalta a crença da revogabilidade musical e a magnífica presença das palavras de Nylund e da sua mulher.
Amândio Tasquinhas,
Borda d’Água
PROCEDIMENTO
Cut-Up / Crítica de concerto faux