NIGHTMARE KIEV: O DISCURSO DE VOLODYMIR
Catarina Novais
Após a consagração mundial, hoje a Rússia atacou todo o território da Ucrânia. Sem fato e gravata, como se deram estes primeiros passos? O inimigo ataca. Matam pessoas e transformam cidades pacíficas em alvos militares. Quem é o verdadeiro monstro deste filme?
Isto é vil e nunca será perdoado, é um género muito influenciado pelo terror. É inexorável deixarem-nos sozinhos a defender o nosso Estado, e não por força do destino ou pela vontade dos deuses, mas pelas decisões humanas, falíveis. Quem está disposto a lutar connosco? Não vejo ninguém. Todos estão com medo.
Este é um filme sobre uma personagem que me desagrada. Eu não escolhi vermelho e liberto essa cor e a Ucrânia transporta-a consigo. Na cidade é só preto e branco e cores douradas, junto do vermelho que não escolhi. Por todo o lado, vemos superfícies espelhadas do ataque que foi imediato e que esta manhã entrou para a história. Quiseram uma imagem super brilhante de que o Kremlin visava desmilitarizar e desnazificar o seu vizinho para se defender, mas depois tivemos um contraste enorme: o da mentira que levou à morte. Utilizaram a sombra expressionista do film noir, mas depois veio uma camada de vermelho, como se pôde ver quando Vladimir referiu as primeiras falas no início desta invasão, e estava lá essa lona vibrante de vermelho atrás dele, mas apenas víamos a sua sombra – a sombra da morte que enviou para nós.
O ataque foi imediato, no primeiro dia da invasão russa morreram 137 cidadãos ucranianos e 316 ficaram feridos. Este é o filme sobre alguém que julga estar a comandar a sua vida, embora, na verdade, a pequenez está a comandá-lo, emocional e intelectualmente. E este filme quase foi contado do ponto de vista do vilão, do personagem com menos escrúpulos, mas a Ucrânia não se irá curvar, mesmo que para isso tenhamos de pagar. E pagamos com os nossos melhores: os ucranianos mais fortes e extraordinários. Hoje pagamos por valores, por direitos, por liberdade, apenas pelo desejo de ser igual.
Segundo as nossas informações, eu sou o alvo número um do inimigo. A minha família, o segundo. Mas eu não vou abandonar a minha nação. Não sei o que irá acontecer, mas de uma coisa eu tenho a certeza: ninguém manchará a nossa liberdade e o nosso estado. Acreditem-me. Vladimir é uma personagem movida pelo medo, que só toma decisões erradas, e Kiev será o herói deste filme. E juntos garantiremos que a vida triunfará sobre a morte e a luz triunfará sobre as trevas. Slava Ukraini!
PROCEDIMENTO
Cut-up
FONTES
Artigo da revista Metropolis (entrevista ao cineasta Guillermo del Toro, relativamente ao seu mais recente filme “Nightmare Alley”).
Artigos do Diário de Notícias e do Expresso relativos à invasão russa da Ucrânia e alguns discursos de Zelensky.
Catarina Novais
Após a consagração mundial, hoje a Rússia atacou todo o território da Ucrânia. Sem fato e gravata, como se deram estes primeiros passos? O inimigo ataca. Matam pessoas e transformam cidades pacíficas em alvos militares. Quem é o verdadeiro monstro deste filme?
Isto é vil e nunca será perdoado, é um género muito influenciado pelo terror. É inexorável deixarem-nos sozinhos a defender o nosso Estado, e não por força do destino ou pela vontade dos deuses, mas pelas decisões humanas, falíveis. Quem está disposto a lutar connosco? Não vejo ninguém. Todos estão com medo.
Este é um filme sobre uma personagem que me desagrada. Eu não escolhi vermelho e liberto essa cor e a Ucrânia transporta-a consigo. Na cidade é só preto e branco e cores douradas, junto do vermelho que não escolhi. Por todo o lado, vemos superfícies espelhadas do ataque que foi imediato e que esta manhã entrou para a história. Quiseram uma imagem super brilhante de que o Kremlin visava desmilitarizar e desnazificar o seu vizinho para se defender, mas depois tivemos um contraste enorme: o da mentira que levou à morte. Utilizaram a sombra expressionista do film noir, mas depois veio uma camada de vermelho, como se pôde ver quando Vladimir referiu as primeiras falas no início desta invasão, e estava lá essa lona vibrante de vermelho atrás dele, mas apenas víamos a sua sombra – a sombra da morte que enviou para nós.
O ataque foi imediato, no primeiro dia da invasão russa morreram 137 cidadãos ucranianos e 316 ficaram feridos. Este é o filme sobre alguém que julga estar a comandar a sua vida, embora, na verdade, a pequenez está a comandá-lo, emocional e intelectualmente. E este filme quase foi contado do ponto de vista do vilão, do personagem com menos escrúpulos, mas a Ucrânia não se irá curvar, mesmo que para isso tenhamos de pagar. E pagamos com os nossos melhores: os ucranianos mais fortes e extraordinários. Hoje pagamos por valores, por direitos, por liberdade, apenas pelo desejo de ser igual.
Segundo as nossas informações, eu sou o alvo número um do inimigo. A minha família, o segundo. Mas eu não vou abandonar a minha nação. Não sei o que irá acontecer, mas de uma coisa eu tenho a certeza: ninguém manchará a nossa liberdade e o nosso estado. Acreditem-me. Vladimir é uma personagem movida pelo medo, que só toma decisões erradas, e Kiev será o herói deste filme. E juntos garantiremos que a vida triunfará sobre a morte e a luz triunfará sobre as trevas. Slava Ukraini!
PROCEDIMENTO
Cut-up
FONTES
Artigo da revista Metropolis (entrevista ao cineasta Guillermo del Toro, relativamente ao seu mais recente filme “Nightmare Alley”).
Artigos do Diário de Notícias e do Expresso relativos à invasão russa da Ucrânia e alguns discursos de Zelensky.