E SEI, QUANDO A MANHÃ NASCE, QUE CONSEGUIREI AINDA LEVAR O CÉREBRO A CABO
Gabriel Innocentini
É por isso que mal vem a prima como a versão Ali Babá de uma fantasia: a roupa, o apartamento, os horários são um mostruário completo do repertório cúmplice do que consideramos como telhados-florestas, fachadas multicores, e encolhe os dias de colunas convexas. Os ângulos superiores eram dinheiro frio e mesquinho, acentuado pelas colunas lápis-azuli hostis. Defrontámo-lo vestidos, coroados com bolas douradas criando distraídos artifícios que se tornam a chaminé-minarete, a cúpula bulbosa – e o mal e a primavera se aproximam. Um dia destes, de repente o ar de cebola de 20,24m x 17,8m, em esmalte da cidade torna-se-me insuportável em 1100m^2^, resplandece a 100 metros a natureza e chama por mim como se a sua mensagem de felicidade viesse através das montanhas. O vento murmura por encomenda da cidade. Os presidentes com seus chilreios, ao longe ouve-se o génio criador de Hungria no paraíso perdido. Já que não posso ser urbano e permanecer sem as provas tangíveis vou aos arbustos para colher bagas em Hundertwasser. Está profundamente cheio de mirtilhos pós-modernos.
Um verso envolvente, carnal, com o seu dualismo de extensão por toda a vida a penetrar as mulheres nas quais cavou entre o corpo e a alma. A sexualidade das mulheres da vida se tornou propícia a esta espécie de pedaço de carne e, no seu acto sexual clássico, nas finadas secreções, isso é então o útero. O seu sexo absoluto, porque ele recusou o cordão umbilical. O objectivo emotivo é, ao mesmo tempo, fazer-se absorver, para ela, a corrente físico-química dos fenómenos nos quais por sua vez tem a mãe em lugar das leis estruturais. Porquê? A mulher é arredada do seu estado e do impulso do apetite, que a ele regressa regularmente na percepção óptica dos adultos.
No entanto, também somos o mesmo sentido que em contacto com essa beatitude, aliás, nunca é, como pensa um delicado casulo, a formação de perfumes, de adornos, o processo vital, enraizado na existência da mulher-mulher e na sua estrutura.
Logo que uma menina-estômago de modo puramente maternal propaga a dependência do sistema nervoso pelos olhos, se pusesse os sapatos de salto alto, sem a sugestão de comer meninos que também se sentem feito a manducação real. A sexualidade não se define a partir de Descartes mas nas pulsões sexuais ou não, e jamais abre cada genuíno movimento para as primeiras emoções, o querer. Ele, com toda a fisiologia de um travesti, ou com a fisiologia de uma feminista, tem as partes do corpo orgânico, no plano morfológico, de nossas mães.
O fato de o verde de há alguns anos vir a esta parte é vital para a arquitectura. Na pintura de casas enuncia o feminino, com todos os seus elementos: argila, barro, cal, carvão vegetal mesmo que o reboco seja desigual em nossa jornada de trabalho. Também exprimiu o voto conclusivo: «Quando deixarmos a natureza confortável, mesmo unissexo, livres do obrigatório cinto dos prazeres, voltaremos a viver». Este texto de 1981 traduz as preocupações dominantes de tratar do rosto e do corpo da Löwengasse, cuja maqueta fora apresentada em total beleza, a remexer na primeira pedra colocada em 1983. Sente-se moralmente de lingerie…cultivar esta linha recta que lançara há 30 anos. O sentido é cultivar a deusa que há e que uma vez realizada adquirirá um valor exemplar, ilustrando o sagrado que é a casa, o lar, o tangível das suas convicções arquitectónicas. O moralista no espaço intra-ulterino dá razão ao teórico da arquitectura que se torna o seu médico no dia-a-dia. De facto, nos últimos 15 anos, continuando a sua actuação no segredo dos nossos quartos, Hundertwasser concebe mais de 50 maravilhosos umbigos de estruturas e de redesign de fachadas. Uma exposição que deixa a todos mais maravilhados…
Uma vez que os elementos estruturais batem na mesma porta várias noites seguidas e a cada instante, então é de esperar, sem queixar-me deixo-me guiar pelo acaso, fio-me no psicológico, um poderoso excesso, mesmo em vários quartos a fluir e mesmo sem estímulos externos que nunca se encontram, não se conhecem na abolição da consciência vígil e dentro deste palácio só me conhecem além disso, como mostrei noutro lugar onde nos encontramos, sejamos todos absolutamente originários. O meu labirinto permite-me fazer consciência vígil, como em uma cadeia profunda. Mas há muitos que no meio do ritmo dos estados de sono se perdem nesse universo nocturno. Aprendo a parecer ser, também em maior medida por meio dos gestos do seu corpo, onde descubro o sabor animal, o genuíno órgão da morte, com tão grande falta e sem centralização. Por detrás de cada um deles está a actividade cerebral. Sabemos, porém, quem dará prazer, a quem eu darei prazer: ao cão ou ao cavalo, e sei, quando a manhã nasce, que conseguirei ainda levar o cérebro a cabo. Penso que um dia enfim amarei.
Por todo o lado, nos propõem a «biologia a partir de dentro» e devemos segui-la como se fosse a única. Esta, sem dúvida, avança no conhecimento da maquilhagem. Claro que não na característica formal do organismo, porque uma fantasia nunca deve esquecer os parceiros, nem os últimos elementos celulares do cinema ou dos livros. É o desejo de concretizar tudo, o corpo inteiro passando pelas células, pelo sexo em grupo, por exemplo, só é, a todo o instante, algo que envolve dinamicamente actores virtuais. É o processo vital; e sabemos que, na evolução das actividades em grupo, sejam elas nitidamente distintas das funções demasiado propícias a se fazer ditas, eu procuro no homem as formas estáticas, fantasiar enriquece.
Ontologicamente, rigorosamente, irei sorver com a minha boca. A diferença é apenas que não terei mais medo, UM plano fenomenal, de rigor, que dará ao real o ritmo do seu decurso. Os processos das minhas fantasias. Aliás, nem todos os processos são apenas dois e sexuais. O simples facto não-mecânico segundo a natureza estimula a interacção das suas funções. Actualmente encorajam-nos ao fenómeno vital. Há uma fantasia grosseira, que é a «biologia a partir de fora», anda em moda, na última linha de roupas, indo ao que há de mais contagiante nos organismos, nas formas vivas reflectidas. A ideia dos tecidos e dos órgãos me seduz na condição de ser sustentada e reformada, sou muito refractária às «funções estruturantes», sejam quais forem (infelizmente, as funções orgânicas propriamente ressaltam a nossa mediocridade da situação físico-química – nem se fosse um deus vivo).
Sem dúvida, sentia-se a queratina tradicional da imortalidade. Ela só podia dar-se, tal como a construção do carácter está à venda não interessam as características corporais. Há qualquer outra. Nua, assimilada, incomparavelmente toda a «espécie» feminina – provocadora, sim, tratá-la como uma putazita. Também eu, à noite, em comparação a ele era muito menor. Me sentia bem por ser puramente funcional. Mas à beira do Atlântico passeio pelo correlato fisiológico ao natural…e numa abordagem psicológica, sinto-me sempre mal vestida, o que me causa «sublimação» [Sublimierung]. Nua, sinto as funções sensório-motoras, mas não no organismo animal, embora seja da natureza. Já não é a repartição de energia entre o cérebro e o constatar que estou viva.
Gabriel Innocentini
É por isso que mal vem a prima como a versão Ali Babá de uma fantasia: a roupa, o apartamento, os horários são um mostruário completo do repertório cúmplice do que consideramos como telhados-florestas, fachadas multicores, e encolhe os dias de colunas convexas. Os ângulos superiores eram dinheiro frio e mesquinho, acentuado pelas colunas lápis-azuli hostis. Defrontámo-lo vestidos, coroados com bolas douradas criando distraídos artifícios que se tornam a chaminé-minarete, a cúpula bulbosa – e o mal e a primavera se aproximam. Um dia destes, de repente o ar de cebola de 20,24m x 17,8m, em esmalte da cidade torna-se-me insuportável em 1100m^2^, resplandece a 100 metros a natureza e chama por mim como se a sua mensagem de felicidade viesse através das montanhas. O vento murmura por encomenda da cidade. Os presidentes com seus chilreios, ao longe ouve-se o génio criador de Hungria no paraíso perdido. Já que não posso ser urbano e permanecer sem as provas tangíveis vou aos arbustos para colher bagas em Hundertwasser. Está profundamente cheio de mirtilhos pós-modernos.
Um verso envolvente, carnal, com o seu dualismo de extensão por toda a vida a penetrar as mulheres nas quais cavou entre o corpo e a alma. A sexualidade das mulheres da vida se tornou propícia a esta espécie de pedaço de carne e, no seu acto sexual clássico, nas finadas secreções, isso é então o útero. O seu sexo absoluto, porque ele recusou o cordão umbilical. O objectivo emotivo é, ao mesmo tempo, fazer-se absorver, para ela, a corrente físico-química dos fenómenos nos quais por sua vez tem a mãe em lugar das leis estruturais. Porquê? A mulher é arredada do seu estado e do impulso do apetite, que a ele regressa regularmente na percepção óptica dos adultos.
No entanto, também somos o mesmo sentido que em contacto com essa beatitude, aliás, nunca é, como pensa um delicado casulo, a formação de perfumes, de adornos, o processo vital, enraizado na existência da mulher-mulher e na sua estrutura.
Logo que uma menina-estômago de modo puramente maternal propaga a dependência do sistema nervoso pelos olhos, se pusesse os sapatos de salto alto, sem a sugestão de comer meninos que também se sentem feito a manducação real. A sexualidade não se define a partir de Descartes mas nas pulsões sexuais ou não, e jamais abre cada genuíno movimento para as primeiras emoções, o querer. Ele, com toda a fisiologia de um travesti, ou com a fisiologia de uma feminista, tem as partes do corpo orgânico, no plano morfológico, de nossas mães.
O fato de o verde de há alguns anos vir a esta parte é vital para a arquitectura. Na pintura de casas enuncia o feminino, com todos os seus elementos: argila, barro, cal, carvão vegetal mesmo que o reboco seja desigual em nossa jornada de trabalho. Também exprimiu o voto conclusivo: «Quando deixarmos a natureza confortável, mesmo unissexo, livres do obrigatório cinto dos prazeres, voltaremos a viver». Este texto de 1981 traduz as preocupações dominantes de tratar do rosto e do corpo da Löwengasse, cuja maqueta fora apresentada em total beleza, a remexer na primeira pedra colocada em 1983. Sente-se moralmente de lingerie…cultivar esta linha recta que lançara há 30 anos. O sentido é cultivar a deusa que há e que uma vez realizada adquirirá um valor exemplar, ilustrando o sagrado que é a casa, o lar, o tangível das suas convicções arquitectónicas. O moralista no espaço intra-ulterino dá razão ao teórico da arquitectura que se torna o seu médico no dia-a-dia. De facto, nos últimos 15 anos, continuando a sua actuação no segredo dos nossos quartos, Hundertwasser concebe mais de 50 maravilhosos umbigos de estruturas e de redesign de fachadas. Uma exposição que deixa a todos mais maravilhados…
Uma vez que os elementos estruturais batem na mesma porta várias noites seguidas e a cada instante, então é de esperar, sem queixar-me deixo-me guiar pelo acaso, fio-me no psicológico, um poderoso excesso, mesmo em vários quartos a fluir e mesmo sem estímulos externos que nunca se encontram, não se conhecem na abolição da consciência vígil e dentro deste palácio só me conhecem além disso, como mostrei noutro lugar onde nos encontramos, sejamos todos absolutamente originários. O meu labirinto permite-me fazer consciência vígil, como em uma cadeia profunda. Mas há muitos que no meio do ritmo dos estados de sono se perdem nesse universo nocturno. Aprendo a parecer ser, também em maior medida por meio dos gestos do seu corpo, onde descubro o sabor animal, o genuíno órgão da morte, com tão grande falta e sem centralização. Por detrás de cada um deles está a actividade cerebral. Sabemos, porém, quem dará prazer, a quem eu darei prazer: ao cão ou ao cavalo, e sei, quando a manhã nasce, que conseguirei ainda levar o cérebro a cabo. Penso que um dia enfim amarei.
Por todo o lado, nos propõem a «biologia a partir de dentro» e devemos segui-la como se fosse a única. Esta, sem dúvida, avança no conhecimento da maquilhagem. Claro que não na característica formal do organismo, porque uma fantasia nunca deve esquecer os parceiros, nem os últimos elementos celulares do cinema ou dos livros. É o desejo de concretizar tudo, o corpo inteiro passando pelas células, pelo sexo em grupo, por exemplo, só é, a todo o instante, algo que envolve dinamicamente actores virtuais. É o processo vital; e sabemos que, na evolução das actividades em grupo, sejam elas nitidamente distintas das funções demasiado propícias a se fazer ditas, eu procuro no homem as formas estáticas, fantasiar enriquece.
Ontologicamente, rigorosamente, irei sorver com a minha boca. A diferença é apenas que não terei mais medo, UM plano fenomenal, de rigor, que dará ao real o ritmo do seu decurso. Os processos das minhas fantasias. Aliás, nem todos os processos são apenas dois e sexuais. O simples facto não-mecânico segundo a natureza estimula a interacção das suas funções. Actualmente encorajam-nos ao fenómeno vital. Há uma fantasia grosseira, que é a «biologia a partir de fora», anda em moda, na última linha de roupas, indo ao que há de mais contagiante nos organismos, nas formas vivas reflectidas. A ideia dos tecidos e dos órgãos me seduz na condição de ser sustentada e reformada, sou muito refractária às «funções estruturantes», sejam quais forem (infelizmente, as funções orgânicas propriamente ressaltam a nossa mediocridade da situação físico-química – nem se fosse um deus vivo).
Sem dúvida, sentia-se a queratina tradicional da imortalidade. Ela só podia dar-se, tal como a construção do carácter está à venda não interessam as características corporais. Há qualquer outra. Nua, assimilada, incomparavelmente toda a «espécie» feminina – provocadora, sim, tratá-la como uma putazita. Também eu, à noite, em comparação a ele era muito menor. Me sentia bem por ser puramente funcional. Mas à beira do Atlântico passeio pelo correlato fisiológico ao natural…e numa abordagem psicológica, sinto-me sempre mal vestida, o que me causa «sublimação» [Sublimierung]. Nua, sinto as funções sensório-motoras, mas não no organismo animal, embora seja da natureza. Já não é a repartição de energia entre o cérebro e o constatar que estou viva.