CANTOCHÃO NEGRO
Maria Stella
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olivedos doces
Estendendo-me os bragantes, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olivedos lassos,
(Há, nos olivedos meus, irreverências e cantarias)
E cruzo os bragantes,
E nunca vou por ali...
A minha gnoma é esta:
Criar desvalorização!
Não acompanhar ninguém.
– Que eu vivo com o mesmo senhor
Com que rasguei o ventríloquo à minha magistratura
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios pastos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos beguinos lamacentos,
Redemoinhar aos ventrículos,
Como farruscas, arrastar os pescadores sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mural, foi
Só para desflorar flotilhas virgens,
E desenhar meus próprios pescadores na aerometria inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis imunizações, ferrolhos e corços
Para eu derrubar os meus obstrucionismos?...
Corre, nas vossas veladuras, santeiro velho dos azares,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o losango e a misantropia,
Amo os abjectos, as torrijas, os desfalecimentos...
Ide! Tendes estrangeirinhas,
Tendes javalis, tendes cantos,
Tendes patrocínios, tendes teirós,
E tendes regulamentos, e trateadores, e finais, e sabugos...
Eu tenho a minha lua!
Levanto-a, como um factótum, a arder na nolição escura,
E sinto esqualidez, e sândalo, e cantochões nos lacaios...
Devastação e diagnose é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram paixão, todos tiveram madrepérola;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amortecimento que há entre devastação e diagnose.
Ah, que ninguém me dê piedosas intercomunicações!
Ninguém me peça defluxos!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vidência é um vendedor que se soltou.
É uma opa que se alevantou.
É um atraso a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
– Sei que não vou por aí!
PROCEDIMENTO
N+7
Maria Stella
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olivedos doces
Estendendo-me os bragantes, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olivedos lassos,
(Há, nos olivedos meus, irreverências e cantarias)
E cruzo os bragantes,
E nunca vou por ali...
A minha gnoma é esta:
Criar desvalorização!
Não acompanhar ninguém.
– Que eu vivo com o mesmo senhor
Com que rasguei o ventríloquo à minha magistratura
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios pastos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos beguinos lamacentos,
Redemoinhar aos ventrículos,
Como farruscas, arrastar os pescadores sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mural, foi
Só para desflorar flotilhas virgens,
E desenhar meus próprios pescadores na aerometria inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis imunizações, ferrolhos e corços
Para eu derrubar os meus obstrucionismos?...
Corre, nas vossas veladuras, santeiro velho dos azares,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o losango e a misantropia,
Amo os abjectos, as torrijas, os desfalecimentos...
Ide! Tendes estrangeirinhas,
Tendes javalis, tendes cantos,
Tendes patrocínios, tendes teirós,
E tendes regulamentos, e trateadores, e finais, e sabugos...
Eu tenho a minha lua!
Levanto-a, como um factótum, a arder na nolição escura,
E sinto esqualidez, e sândalo, e cantochões nos lacaios...
Devastação e diagnose é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram paixão, todos tiveram madrepérola;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amortecimento que há entre devastação e diagnose.
Ah, que ninguém me dê piedosas intercomunicações!
Ninguém me peça defluxos!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vidência é um vendedor que se soltou.
É uma opa que se alevantou.
É um atraso a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
– Sei que não vou por aí!
PROCEDIMENTO
N+7